domingo, 30 de setembro de 2012

1 Obrigado de cada vez.

Oi gente!

Hoje no dia 30 de setembro atingimos 1000 visualizações do nosso blog.
Eu quero agradecer a todos que comentaram e falam comigo pelo Facebook sobre a história, do que acham, ficam com raiva porque Roberta, thiago, Daniel e todos os outros tomaram tal atitude. Me dão dicas sobre a escrita e sobre os próprios personargens. Isso me enriquece muito.
Esta história é nossa, inspirada pelos tantos amigos que tive e dos que vou conhecendo durante minha vida. Vocês que me inspiram.
Eu amo histórias de contos de fadas e de fantasias, mas estou aprendendo que nossa vida tem seu encanto mas coisas simples e no olhar sincero e no verde vivo da folha duma árvore que nos vê todo dia passar para ir trabalhar e do sol que aparece atrás do prédio, enfim... do cotidiano.
Quero pedir perdão por qualquer erro (rs!), estou tentando melhorar sempre e esse projeto  ainda tem que passar por muitas mãos para ficar à altura de vocês. Apesar de amador, ainda, meu objetivo mesmo é que nós tenhamos uma distração. cuidar da vida de gente assim é saúdavel!
Quero agradecer ao pessoal da empresa que trabalho que leram os primeiros capítulos da história e me incentivaram a continuar escrevendo. Vocês são lindos!
Todo Brasil que acompanha e outros países também (oh meu Deus! nunca imaginei que isso aconteceria um dia!).
Talvez, eu esteja muito animado para mil visualizações sendo que hoje alguns batem números muito maiores, mas não quero esquecer disso. Isso é importante para mim. E valorizar o importante para nós, e comemorá-lo sempre contando 1históriadecadavez que chegaremos ao sucesso, felizes.


Esse vídeo é só para lembrarmos dos personagens que estão sofrendo agora... Eu acho.


Obrigado a todos!

38| Contorno.



                    Ouviu-se o trem se distanciar cada vez mais. As lágrimas desciam pelo rosto do jovem que estava sentado sobre uma toalha de piquenique azul xadrez.
                    _ Ele se foi! – disse a voz de alguém que estava na estação de trem vendo tudo que aconteceu. – E agora? Era só isso?
                    O rapaz controlou a voz para que não se percebesse o choro.
                    _ E então ele gostou?
                    _ É gostou sim! Quem não gostaria ser tão querido assim? Mas era para ele ficar ou não? Eu não entendi.
                    _ Não é para entender, você foi pago para entender?
                    _ Não senhor.    
                    _ Então. Passe no banco. O dinheiro já está na conta.
                    Desligou.
                    _ Que doido! – o rapaz saiu da estação sem dizer nada.
                    Não sabia que há alguns quilômetros no parque zoológico, alguém chorava por tudo aquilo que ele dissera.
                    Daniel sabia que não mudaria a idéia do amigo, mas queria prová-lo que o amava o suficiente para fazer uma demonstração daquela, mas não podia negar a decepção, no fundo existia um fiapo de esperança de que Thiago saísse correndo daquela estação e chegasse ofegando até ele que lhe juraria amor eterno.
                    “Eu devia ter ido até lá! – pensou – Não, acho que eu seria pior se eu fosse. Ele nem ficou, seria uma super exposição. Assim do jeito que foi pareceu coisa de amigos”.
                    Outros pensamentos não entravam na cabeça dele. Ele nunca foi rejeitado por ninguém, principalmente quando sabiam que era recíproco. Ouviu uma movimentação pelo mato e se levantou, não havia animais soltos pela mata.
                    _ Quem está aí?
                    Não teve resposta.
                    _ Quem é?
                    _ Sou eu meu querido... – Patrícia saia da mata silenciosa como uma felina.
                    _Você é doida, quer me matar de susto, é? – disse Daniel irritado.
                    _ De susto não. E para que medo no meio do mato? Ah é! Vai que sai uma onça pintada e corre atrás de você não é mesmo? Afinal, veados campeiros estão na cadeia alimentar das onças.
                    Daniel estava irritado, mas decidiu não partir pra cima dela.
                    _ Suas piadinhas são tão ruins que me dão sono. O que é que você faz aqui? Está me perseguindo é? Como me descobriu aqui?
                    _ Calma, meu lindo! Que tanto de pergunta. Ontem passei em sua casa e sua mãe me disse que você estava acampando com uns amigos, então como sabia que tinha outra biba a solta na cidade, e você sempre vem para cá, imaginei que a reunião de bibas seria aqui, mas juro que não queria atrapalhar nada.
                    _ Perdeu seu tempo, ele foi embora hoje.
                    _ E você não estava na estação? Que milagre!
                    Daniel viu uma brecha.
                    _ Nós... Brigamos! – ele estava de costas para ela, e empostava a voz para dar mais veracidade.
                    _ Como é? Brigaram? De tapas? – ironizava sempre.
                    _ De boa! Você sabe o que aconteceu, sabe como eu estou e ao invés de me ouvir só me ironiza?
                    _ Acho que você merece depois de tudo que fez comigo. Um canalha safado que me traiu com um homem. E merece mais.
                    _ Primeiro: você não tem prova.
                    _ Você chamando por ele na cama não é suficiente?
                    _ Isso prova que gosto dele, e só troquei os nomes porque na realidade na época gostava mais dele que de você. – se sentiu bem falando tão abertamente, mesmo que fosse com a Patrícia.
                    Ela não pôde falar nada disso.
                    _ Segundo, se você fosse assim, tivesse mais vontade própria e personalidade, talvez tivesse me chamado mais a atenção, você era muito submissa. Era totalmente diferente do que é agora. Parece que só porque gostava de mim tinha medo de me desagradar e me perder.
                    _ Não sabia que querer agradar é errado agora? – tentou rebater.
                    _ Não! Não é errado, mas deixar de ser quem você é para agradar é. Porque se eu gosto de você é por você mesmo, são suas atitudes, seu olhar, seu jeito de rir, e de me encarar de vez enquando. – estavam com olhar perdido como se imaginasse coisas, mas coisas diferentes.
                    _ Tarde demais para me dar dica, Daniel… Primeiro você estraga depois que consertar?
                    _ Não estou tentando consertar nada. Estou cansado. Mas o que realmente você quer? Porque veio aqui?
                    Patrícia ficou sem resposta.
                    Não tinha pensado nisso.
                    _ Eu... Bem. Eu vim saber se está bem. – o tom da voz dela denunciava que um sentimento apesar de tudo não pode ser apagado de uma hora para outra.
                    Daniel virou-se para responder.
                    _ Estou. Nenhuma onça pintada apareceu por aqui ainda.
                    Ela não conteve o riso. Sentou-se ao lado dele.
                    _ O quê, hein? – ela perguntou como se ele já soubesse.
                    _ O que o quê?
                    _ O que ele tem... Que eu não tenho?
                    Ele se demorou em responder, estava escolhendo as palavras.
                    _ Me perdoe, mas não posso confiar em quem quer me ferrar. Só me ironiza e me trata mal.
                    _ Pensei que podia perguntar porque também estive envolvida. É sexual? Corpo, sabe lá. Sempre teve curiosidade?
                    _ Quase me senti um objeto agora. Não é questão sexual. È tudo novo para mim, nunca gostei de ninguém. No meu caso, o envolvimento foi com o tempo, parece que estava dentro de mim, escondido sem eu mesmo saber.
                    Seu olhar estava novamente perdido, ela o observava compreensiva como se tentasse entender, talvez se entendesse poderia amenizar a raiva que sentia dele. Essa raiva a fazia gostar mais dele, porque não a libertava.
                    _Então depois que vi que podia perder o que sempre tive, isso me aconteceu. Talvez seja complicado para você entender, eu particularmente não consigo explicar muito bem, só sentir mesmo.
                    _ Mas também tem o lado sexual, não tem como gostar de alguém de graça, sem que ela não te ofereça nada, afinal, o toque é essencial para o relacionamento e para manter aceso o sentimento.
                    _ Tem sim, não posso negar, mas nunca aconteceu. – mentiu.
                    _ Nunca? – incrédula – Nada nunquinha?
                    _ Não.
                    _ Só que você queria? – ela se mostrava incansável nas perguntas, como se quisesse arrancar alguma coisa.
                    _ Passou pela minha mente talvez um dia, mas quando ficamos juntos, eu queria mesmo era a companhia.
                    _ Eu quero te pedir desculpa. – ele se espantou e olhou para ela sem negar a surpresa - Fui uma horrorosa. Tive uma atitude deplorável e preconceituosa. Independente de você ter me traído, eu quero te pedir perdão.
                    _ Não sei, Patrícia, minha mãe quase viu o que você pichou lá em casa. Quase me complicou, na real não, mas eu teria que explicar algumas coisas. – fez drama.
                    _ É sério, Dani, me perdoa, jura que paro com essas coisas preconceituosas. Eu estava furiosa com você. Agora te entendo.
                    Olharam-se nos olhos. Thiago que tinha tanto motivo para não aceitá-lo por suas burrices e ações preconceituosas, voltara a falar com ele. Por que não seria capaz das mesmas atitudes?
                    _ Amigos? – ela disse, estendendo a mão.
                    _ Está bem, amigos! – ele apertou delicadamente e beijou a mão dela.
                    Abraçaram-se.
                    É uma bobinha mesmo! – ele pensou – Contornei legal!
                    Idiota! – ela pensou – Não sabe o que te aguarda!

Continua...
© Copyright Mailan Silveira 2011.Todos os direitos reservados.

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

37| Despedida.



                    Uma densa névoa estava sobre a cidade quando amanheceu. Um friozinho dificultava a vida de todos aqueles que precisavam se levantar cedo para trabalhar ou fazer outras atividades.
                    Thiago estava pronto para pegar o táxi e partir para uma nova vida. Sua avó já tinha levantado desde muito cedo para preparar-lhe o café. Haviam conversado bastante no tempo que tiveram no fim de semana sobre como se comportar, não se deixar iludir, trabalhar honestamente, ser alguém de bem e lutar mais pelos sonhos. Esses sermões que os parentes mais velhos costumam dar.
                    _ Vou sentir saudades. – disse ele sentindo o choro querer sair.
                    _ Ficarei bem, meu querido! Calma! – disse ela percebendo o que se passava – Esqueceu que nasci primeiro que você e já passei por muita coisa nesta vida?
                    _ Eu sei, mas não entendo porque a senhora não quer ir morar comigo, minha avó. Lá teremos uma vida melhor e...
                    _ Já te falei Thiago. Não gosto de cidade grande. É muito movimento. Já sou moderna demais e não preciso morar nesses lugares que só vão me estressar mais. Pedra Branca está de bom tamanho.
                    _ A senhora é muito moderna é? – riu – Só a senhora mesmo, viu!
                    _ Pense que seu sonho está se realizando, e que para desfrutá-lo de maneira plena, você deve renunciar algumas coisas.
                    _ Mas não posso te negar...
                    _ Não me refiro a família, mas a alguns amigos, a algumas situações, festas, enfim coisas que podem atrapalhá-lo no caminho que se propôs. Você sempre poderá me ver, sempre que quiser estarei aqui. Me entende?
                    Thiago balançou positivamente a cabeça. Durante o café tentaram fazer como sempre era feito. Conversar sobre coisas banais. Estava quase na hora de partir. O coração se apertava mais, tanto dele como o de dona Zita, mas ela não queria demonstrar. Ela se lembrava do que sua mãe sempre dizia: “A gente cria os filhos para o mundo...”, sentiu isso com o seu filho Frederico, e agora mais uma vez com o Thiago, seu neto.
                    _ A senhora vai me acompanhar até a estação?
                    _ Não. – queria parecer forte – Quero dizer, vou sim! Só não ligue se eu chorar.
                    O táxi já estava na porta, as malas foram guardadas e então ele olhou como se fosse a última vez que veria a rua onde crescera. Olhou para os dois lados e respirou. Estava quase vazia, mas sua mente encheu a rua de meninos e meninas que brincavam todos os dias das mais diferentes brincadeiras. Alguns pontos da velha rua guardavam ainda as marcas daquela época. Pedaços de cordas amarrados no alto do poste, paredes pintadas em determinadas épocas, mas todas as crianças cresceram e tomaram seus caminhos. Respirou mais uma vez olhando para a avó, sorriram e entraram no carro.
                    Thiago tentava gravar ao máximo os detalhes da cidade que passavam pela janela do carro em velocidade. As praças e parques, os prédios antigos, as áreas novas tudo aquilo era sua história, seu início. Ao dobrarem a avenida a estação de trem apareceu na paisagem, o velho prédio possuía uma grande fachada que era toda em moldes antigos, e detalhes que haviam visto muita gente passar por ali.
                    Chegaram ao portão principal e desceram as três malas e se encaminharam para a plataforma de embarque, já que a passagem foi comprada com antecedência. Havia umas quatro pessoas além deles. Era cedo.
                    “...suas igrejas, suas praças, sua cultura. Secretária do Turismo. Prefeitura Municipal de Pedra Branca. O futuro é agora!”
                     Num lugar mais afastado havia um telão que passava um vídeo turístico da cidade e o sistema de som transmitia a trilha do vídeo, a cidade estava em uma campanha para incentivar o turismo e alguns telões desses estavam na estação e por toda cidade.
                    _ O trem vai chegar em alguns minutos. – disse dona Zita.
                    _ Então fica aqui comigo e me abraça até ele chegar. Quero aproveitar o máximo da senhora.
                    Abraçaram-se e ficaram abraçados por um bom tempo.
                    “Thiago fica comigo! Não vai embora!”.
                    Ele estremeceu. Não podia ser coisa de seu pensamento.
                    “Thiago fica comigo! Não vai embora!”.                  
                    _ A senhora escutou isso? – perguntou com o coração batendo a mil.
                    _ Sim! Ouvi! Falaram seu nome, mas não entendi o resto.
                    Afastaram-se um do outro quando viram que as pessoas que estavam na plataforma estavam todas viradas para o telão.
                    Thiago não podia prever o que veria, mas sabia que seria alguma coisa que nunca esperaria.
                    Não havia nada no telão. Nem mesmo as propagandas de turismo. Só vozes que Thiago não conhecia enchiam o saguão com os mesmos pedidos.
                    “Fica Thiago, não vai embora, não!” – disse uma voz feminina.
                    “Fica Thiago, é sério!” – parecia uma voz de adolescente.
                    “Ele vai, por quê? Ah, Thiago, fica!” – a voz duma senhora perguntou.
                    _ Gente do céu! Estou com medo, minha avó! – disse entre o riso e o desespero diante da surpresa.
                    _ Calma! – disse dona Zita disfarçando o sorriso.
                    Alguns pontinhos brilhantes começaram a surgir no telão, se juntaram e uma imagem apareceu. Um jovem que estava na cidade disse:
                    _ Ele vai embora mesmo?
                    Depois apareceu uma senhora de meia-idade.
                    _ Porque ele vai?
                    _ E vai valer a pena ele ir pra cidade grande? E os amigos dele? – disse uma menina.
                    _ Eu não sei se eu iria não. – disse um homem.
                    _ Thiago fica vai! – uma jovem disse.
                    _ Fica moço! Tem gente que gosta de você aqui!
                    _ Fica! Fica! Fica! Fica! – disse um grupo.
                    _ Ei, fica com a gente!
                    _ Fica Thiago!
                    _ Fica!
                    As pessoas que apareciam não eram conhecidas do Thiago, nenhuma, algumas podiam ser conhecidas de vista, ou situações comuns.
                    _ Nossa Thiago, você já está famoso, hein? – disse dona Zita.
                    _ Não acredito nisso! – sem reação.
                    As diversas imagens das pessoas que pediam que ficassem foram diminuindo até formarem um mosaico com uma foto do Thiago. A tela ficou branca gradativamente até aparecerem as inscrições.
                    “Thiago, você se você for, nossa vida não terá mais sorriso nem cor! Fica!”.
                    Uma sucessão de fotos, antigas e recentes, começou a passar no telão, que ele nem lembrava mais. Na parte inferior esquerda da tela apareceu a inscrição: “Fundo: Don’t you remember – Adele”.
                    Ninguém percebeu, mas Thiago e dona Zita já haviam desconfiado de quem seria a surpresa. Muitas fotos passavam, mas sempre em sua maioria estavam Thiago e Daniel. Outras somente eles.
                    Não era somente isso que havia surpreendido Thiago que lembrou um dia ter lido numa rede social: “Quando uma pessoa te manda escutar uma música, é porque tudo que ela quer te dizer a música diz!”.
                    A música que passava no fundo da apresentação de fotos realmente dizia muita coisa.       
                                  
                                                                                             
Quando eu irei te ver novamente?
Você foi embora sem dizer adeus, não foi dita uma palavra sequer.
Nem um beijo final para selar as costuras
Eu não tinha idéia do estado que estávamos

Eu sei que tenho um coração inconstante
E uma amargura
E um olho errante e um peso em minha cabeça

Mas você não se lembra?
Você não se lembra
A razão pela qual me amou antes?
Baby, por favor, lembre-se de mim mais uma vez.
                                                                                                                                
                     Thiago estava sem palavras. Sabia que o sms que recebeu no dia na manhã do dia anterior estava sendo levado a sério. Não sabia o que fazer, quando olhava para as poucas pessoas no saguão, e dentro de si agradecia a Deus por ser tão cedo, via em seus rostos as expressões de surpresa.

Quando foi a ultima vez que você pensou em mim?
Ou você me apagou completamente de sua memória?
Eu freqüentemente penso sobre onde eu errei
E quanto mais faço, menos sei.

Eu sei que tenho um coração inconstante
E uma amargura
E um olho errante e um peso em minha cabeça

Mas você não se lembra?
Você não se lembra
A razão pela qual me amou antes?
Baby, por favor, lembre-se de mim mais uma vez.
                                                                        
                    Nunca viu uma música combinar tanto com uma pessoa. Nunca combinou tanto com duas. Era praticamente uma confissão de personalidade. E ele se agradara disso. Thiago percebeu que apesar de tudo que aconteceu com seu breve retorno a pedra branca, não era mais o mesmo, Daniel também percebeu isso. Olhava para todos os lados esperando que ele saísse de qualquer lugar e fosse em sua direção. Estava tenso. Pensava se ele criou coragem para se assumir assim.
                    A imagem de Daniel apareceu no telão como se fosse qualquer que aparecera antes.
                    _ Sabemos que você vai atrás do seu sonho e que essa demonstração de carinho que fizemos talvez não te segure...
                    “Por que ele fala em primeira pessoa do plural? – se perguntou Thiago – Ah tá! Não quer se entregar”.
                    _... Mas saiba que sua ausência em nosso dia-a-dia nos causará um terrível vazio. Morreremos de saudade, mas antes de entregar totalmente os pontos a gente te pede: não se esqueça da gente.
                    As fotos voltaram a passar. Thiago não pôde segurar as lágrimas. Era surpreendente tudo aquilo que via. Não pensou que ele seria capaz disso.


Eu te dei espaço para que você pudesse respirar
Eu mantive minha distância para que você pudesse ser livre
E torci para que você encontrasse a peça que faltava
Para trazer você de volta para mim

Mas você não se lembra?
Você não se lembra
A razão pela qual me amou antes?
Baby, por favor, lembre-se de mim mais uma vez.

                    Sua ausência de uma semana fizera muita coisa acontecer. Tinha visto algumas ligações do Daniel no seu celular e viu que quando retornava ele não atendia. Percebeu que mesmo apaixonado queria dar-lhe espaço para pensar mais ou talvez sentir saudade dele. Olhou mais uma vez ao redor esperando que ele saísse de um lugar, mas isso não aconteceu. Recebeu uma sms no celular.

                                  “Você sabe onde estou!
                                  Onde me deixou...”.
                                                                                                        
                    O trem se aproximava da plataforma. Thiago chorava estava emocionado e todo confuso e triste e feliz e não sabia o que fazia. Abraçou a avó que ficou de costas para o telão. O trem parou. A imagem de Daniel apareceu novamente, tinha lágrimas nos olhos.
                    _ Fica, por favor. – disse uma última vez.

                    Não conseguia se mexer. De longe, alguém que observava toda a cena recebeu uma ligação.
                    _ E então? – disse a voz aflita do outro lado.
                    _ Espera, parece que ele está decidindo. – respondeu quem observava.
                    Então, dona Zita disse:
                    _ Vai!
                    Ele entrou no vagão chorando.
                    _ Entrou no vagão, chorando! Ele vai. Ele vai!
                    Quando o trem partiu, todos ouviram o último verso da música que fazia uma pergunta, até o momento, sem resposta:

Quando eu irei te ver novamente?

Continua...
                                                            © Copyright Mailan Silveira 2011.Todos os direitos reservados.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

36| Carta.



                    A pequena fogueira tornou-se cinzas e os pássaros cantavam anunciando as primeiras horas do dia. Daniel acordou com o sol no rosto. Lembrou-se da casa de campo, de costas levantou o braço e calmamente apalpou o lado direito onde Thiago deveria estar. Antes de ter a certeza, parou. Teve medo de não encontrá-lo. Recolheu a mão. Antes queria acostumar-se com a ideia de não encontrá-lo ali.
                    Apesar de mostrar todo o tempo receptivo e muito menos preconceituoso, viu que depois da viagem. O que teria acontecido lá que o teria mudado. Seria alguém? Poderia até mesmo ser o encanto da cidade grande, cidade esta que Daniel já conhecia.
                    Levantou novamente o braço e certificou do que imaginara.
                    _ Thiago? – perguntou, esperando resposta, que não veio. – Thiago!
                    O coração apertou, as lágrimas desceram. Virou-se e não havia ninguém ao seu lado. Perguntou-se se teria sido um sonho, quisera que fosse. Sentou-se, olhou para os lados como se esperasse que Thiago saísse de entre os arbustos, mas não aconteceu. Estava só. Pôs as mãos no rosto e começou a chorar. Pegou o celular e ligou para o amigo. Não houve resposta.
                    _ Por que ele fez isso comigo? – não entendia.
                    Viu uma folha escrita sob os lençóis. Ela não estava lá antes. Pegou-a e reconheceu a letra cursiva característica de Thiago. Seu coração foi a mil. Já assistira vários filmes que os personagens faziam isso para nunca mais voltar. Filmes que havia assistido com ele.
                   
                    “Querido Daniel,

                    Fico extremamente feliz quando te vejo, sua presença me alegra e me traz um agito bom de sentir dentro de mim. Com você eu me sinto bem, mas ao mesmo tempo inseguro, talvez seja a adrenalina de ficar com você que me atrai. Antes de tudo não era assim. Talvez eu tivesse um outro tipo de visão, e... Não sei. Só sei que não quero seu sofrimento, nunca imaginei que você ficaria assim. Não posso ficar com alguém que pode me abandonar a hora que quiser e por nada. Talvez para você, por ser um sentimento novo, seja apenas uma aventura. Eu não encaro assim. O que aconteceu com a gente, não posso negar, foi bom, para falar a verdade foi ótimo, mas não consigo mais. Não quero que isso continue. Saiba que você foi o primeiro e será para sempre o único, talvez isso faça alguma diferença.
                    Meu amigo, meu amor por você continuará, e mesmo distante vou me lembrar de você.
                    Me perdoe por ter me despedido assim...
                                                                       Do seu,
                                                                                  Thiago.”
                       
                   A carta foi escrita antes de Thiago ir embora. Em alguns lugares a tinta da caneta estava manchada de lágrimas que caíram
                   _ Ele me... abandonou.
                   Thiago vagava pelas ruas da cidade como se sentia como posto um ponto final numa fase de sua história. Estava chorando, pois se lembrava de tudo o que tinha acontecido entre eles. Como se descobriram, os olhares e afagos. Ele quando queria sabia ser carinhoso, mas tudo envolvia tanta coisa que Thiago pensava que Daniel não era maduro suficiente para encarar uma relação desse tipo, sem contar que havia se apaixonado por Júlia, quem viu apenas uma vez, mas foi algo tão intenso e especial que não conseguia descrever o que havia ocorrido, apenas sentir.
                   Ele não sabia que Daniel tinha brigado consigo mesmo para amá-lo, nem viu o esforço que o amigo fez para procurá-lo. Durante a semana em que esteve fora, não viu que Patrícia havia pichado sua casa também e estava sendo vítima de preconceito de algumas pessoas que viram a pichação e decidiram por si mesmas julgarem, e alguns da escola os quais Patrícia provavelmente teria contado porque não o tratavam do mesmo jeito.
                   Não viu que Daniel teve o cuidado arrumar o ambiente no zoológico para recebê-lo e isso demonstrava afeição, que não existiria se estivesse tão preconceituoso, como anteriormente. Daniel correu atrás dele. Só percebeu que o sentimento que o amigo possuía por ele era de irmandade, depois de grandes amigos, de atração que foram expressas por nojo e raiva, a solidão o fez ver quem realmente o amava, então por isso não resistiu e amou- o. Com intensidade e cheio de confusão.
                   Chegou em casa e entrou no quarto, viu as malas arrumadas, as definitivas. Ficaria um bom tempo sem voltar à cidade que nascera.
                   Daniel ainda no zoológico pensava. Precisava mostrar para o amigo que o que sentia era verdadeiro e não mudaria como ele pensava, mas isso não seria agora.
                   Thiago viu em seu celular, uma mensagem que ele mandara:

                   “Me perdoe você, mas não vou desistir”.

© Copyright Mailan Silveira 2011. Todos os direitos reservados.

sábado, 22 de setembro de 2012

35| Recaída.



                    _ Daniel! - disse surpreso. – O que faz aqui?
                   _ O que faço aqui? Vim te ver – lançou-se para abraçá-lo e foi respondido – Eu sabia que você não ia me deixar só aqui!
                    _ Eu vou ter que...
                    _ Quero te dizer uma coisa muito importante, mas tem que ser depois. Agora tenho que ir, te mando uma sms para te falar o resto.
                    _ Mas...
                    _ Até mais! – Olhou rapidamente para os dois lados da rua e deu-lhe um beijo.
                    _ Ai meu Deus! Estou encrencado com tudo isso.
                    E estava, porque percebeu os olhos de Daniel brilharem. Sabia que ele estava armando alguma. E no fundo estava gostando disso.
                    Perguntava-se como viveria sem a pessoa que tanto gostava. Agora que estava em sua cidade e ao lado deles, lhe parecia impossível abandoná-los. Foi ao centro da cidade e resolveu algumas pendências em seu nome e no nome da avó, pensou em comprar algumas roupas, mas deixou para fazê-los na nova cidade.
                    Decidiu passar na casa de Roberta, independente de tudo que tinha acontecido, ele mereciam saber, pois eram seus amigos mais próximos, mesmo que não conversassem com tanta freqüência.
                    _ Roberta!
                    _ Thiago, que surpresa tê-lo aqui. Entre.
                    _ Obrigado!
                    _ Como foi a viagem? Saiu tudo como programado?
                    _ Quem é amor? – Ricardo gritou da cozinha.
                    _ É o Thiago!
                    _ Thiago! – perguntou uma voz feminina lá de dentro.
                    Mariah e Ricardo saiam da cozinha para cumprimentá-lo, ela o via ainda com interesse que Thiago percebeu, mas fingiu não perceber. Ricardo foi bem simpático.
                    _ Então, como foi a viagem? – Mariah perguntou curiosa – Deu tudo certo?
                    _ A viagem foi bem tranqüila. O pessoal da agência é muito legal, são tão simpáticos que nem parecem quando os vemos de longe.
                    _ Como ficaram os trabalhos?
                    _ Ficaram lindos, infelizmente não os pude trazer porque são de propriedade da agência. Com relação ao contrato...
                    _ Sim! Nos diga... – Roberta se mostrou curiosa.
                    _ Vocês estão falando com o mais novo contratado da X Models Agency!
                    As meninas gritaram e Ricardo veio abraçá-lo. Apesar de clima de brigas ou desentendimentos, isso sempre passava. Eram amigos de verdade.
                    _ Que coisa boa! Nossa! Que bom, Thiago! Estou muito feliz!
                    _ Que bom! É isso mesmo que quero, essa vitória é de vocês também que torceram para tudo dar certo. E deu!
                    Ricardo voltou da cozinha trazendo copos de suco de laranja.          
                    _ Vamos brindar por isso!
                    _ Com suco de laranja porque modelos têm que manter a forma. – disse Mariah.
                    Todos riram.                                                                                                                    
                    _ Milagre não ver a Flávia aqui. Onde está?
                    _ Ela teve que viajar com os pais e volta daqui a uns cinco dias, mas ela vai morrer quando souber disso, ela torce demais por você! – disse Roberta.
                    _ Um brinde para o mais novo amigo modelo que vai ficar rico, famoso, é lindo, charmoso, simpático, uma delícia...
                    _ Menos, Mariah... Bem menos.
                    _ Hum... Está bem! Enfim... Um brinde! – disse contida.
                    _ E eu... – Thiago tomou distancia como se fosse falar algo importante e o momento exigisse certa formalidade – quero do fundo do meu coração agradecer aos meus amigos que me fortaleceram e me apoiaram em minha decisão. Àqueles que não me julgaram, nem me condenaram. E mesmo sem saber me ajudaram no momento mais doido de minha vida. À vocês, minha vitória.
                    Eles aplaudiram.
                    _ E como fará para trabalhar? Terá que mudar não é?
                    _ Sim! Vou me mudar na segunda-feira, está sendo tudo muito rápido, mas até gosto.
                    _ Já tem lugar para ficar? – perguntou Ricardo pondo o copo na mesa.
                    _ Sim! Vou morar com um amigo da agência. Ele é muito gente boa, agora ele é Produtor de casting, conseguiu esta vaga produzindo meus ensaios.
                    _ E você já tem trabalho para fazer? – Mariah indagou.
                    _ Acho que sim! Descobrirei na segunda! – recebeu uma sms, olhou – Ah! Agora terei que ir, gente muito obrigado mesmo! Eu nunca vou esquecer de vocês, nunca!
                    _ Não esqueça não! Estaremos aqui torcendo para dar tudo certo. – disse Roberta.
                    _ E não se esqueça de mandar notícias, isso se elas não vieram por si sós. – brincou Ricardo.
                    _ Pode deixar...
                    Na saída, quase todos o acompanharam até a porta, mas Mariah foi até a rua.
                    _ Obrigada por tudo.
                    _ Eu quem devo te agradecer, foi um amor de pessoa comigo, mesmo sem me conhecer direito.
                    _ Você merece isso e muito mais.
                    _ Espero que você encontre alguém que te valorize o tanto que você merece. – ele disse.
                    Ela roubou-lhe um beijo. Não perderia a oportunidade. Ele respondeu. Sentia um carinho por ela. Depois a beijou na testa.
                    _ Você é linda!
                    Ela não disse nada.
                    _ Até breve! – virou-se indo embora.
                    Ela suspirou pelo que poderia ter sido. Pelo que terminou sem mesmo começar.
                    _ Eu vi, hein! – disse Roberta quando a amiga voltava.
                    _ Você acha que eu ia perder essa oportunidade? – disse rindo – Ai, que delícia de beijo, meu Deus! Quero mais...
                    _ Lute, talvez consiga conquistá-lo. – entrando e fechando a porta atrás de si.
                    Thiago leu a mensagem:
                                                                                             
                                                                                                                                                                                                                                                       “Oi! ME ENCONTRE NO ZOO AGORA.
                                 ESTOU ONDE FAZIAMOS ACAMPAMENTO
                                 NA ÉPOCA DA ESCOLA. NÃO DEMORE.
                                 ESTOU TE ESPERANDO! - DANIEL”.

                    _ O que será que este menino está aprontando? – se perguntou.
                    Já era fim de tarde quando se dirigiu ao zoológico da cidade que fecharia às cinco, mas eles sempre tiverem um lugar para entrar escondido. Seu coração, como de costume pulsava mais forte a cada passo, mas tinha um sentimento diferente nisso tudo. Sentia-se um traidor. Isso o incomodou bastante, pois não tinha nada com ninguém e não entendia porque desse sentimento, ainda mais que iria se encontrar com o Daniel, alguém que gostava demais. Tentou esquecer.
                    As árvores filtravam a luz cadente do sol que se despedia aos poucos, numa clareira no meio do mato, uma barraca conhecida deles estava armada, em sua frente uma toalha xadrez azul estava estendida no chão próximo a um círculo de pedra que separava do espaço alguns pedaços de madeira e gravetos secos que estavam empilhados.
                    “Ai, meu Deus!” – Thiago já imaginava coisas.
                    _ Oi! – a voz de Daniel veio por trás, assustando-o – Que bom que veio.
                    _ Pois é. Você sabe que não costumo negar um pedido de um amigo, ainda mais como você!
                    _ É... Eu sei!
                    Thiago olhou novamente ao redor.
                    _ Está aqui há muito tempo?
                    _ Não! Vim acampar na quinta-feira, avisei o pessoal do zôo que estaria aqui e enfim. Tudo bem.
                    _ Desde quinta-feira sem contato com a sociedade? Por que isso? Nunca foi assim.
                    _ Estou mais seguro aqui, de tudo e todos. Não quero contato com ninguém.
                    _ Não pode continuar assim. Isso não é bom para você.
                    _ Não sei mais o que é bom para mim.
                    _ Isso vai te fazer mal, Daniel! E não vai poder morar sempre aqui. Tem que encarar o mundo.
                    _ Eu estou completamente perdido em meus pensamentos e sentimentos. Não sei mais o que sou.
                    Sentou-se na toalha xadrez, Thiago não precisou de convite para fazer o mesmo.
                    _ Estou feliz porque você está aqui comigo.
                    _ Sabe... Eu gosto demais de você. Desde que descobri o que sentia sofri do mesmo jeito, no início não queria, pensei que estava confundindo as coisas, mas com o tempo eu percebi que era algo, além disso. – não se olhavam, apenas conversavam vendo as árvores e sempre que os olhares se cruzavam, Thiago desviava – Eu não podia negar para mim mesmo o que sentia, não gosto de mentir para ninguém, por que mentiria para mim mesmo? Então resolvi aceitar o pensamento de que gostava de alguém do mesmo sexo.
                    Parecia uma confissão. Thiago sabia o que seu amigo passava.
                    _ Assumi o que sentia, mas não a condição. Durante anos e anos que fiquei perto de você vi meu sentimento aumentar e se retrair e voltar mais forte e parecer morto, enfim...
                    _ Confusões são inexplicáveis. – disse Daniel como se resumisse.
                    _ Isso! Até que decidi ver o que daria. Surgiu a oportunidade de contar com alguém que foi fundamental e hoje sou extremamente grato a ela. Minha avó foi a primeira, a saber. Minha gratidão será eterna a ela porque ao invés de me julgar secretamente, me apontar como depravado e aberração, ela me acolheu e me compreendeu. Me ouviu, não me disse o que pensava, se era errado ou não, mas apenas me amou.
                    _ Se todos fossem assim...
                    _ Todos não são, e não vou exigir de ninguém que seja. Só exijo respeito! O mesmo que darei, é o que quero ter. – sentia-se contraditório – Acho que eu devia mesmo passar por isso para ser melhor.
                    _ Não quero saber disso agora – disse ele como se pegasse o assunto e o colocasse de lado com as mãos – Eu sei que independente de confusão e tudo que temo e penso a respeito disso que ainda é bastante contraditório, eu não posso negar que... Gosto de você! Por não, eu te amo? Sim, te amo e te quero perto de mim. Eu aceito isso porque me faz bem saber disso, mas não quero assumir essa condição. Não acredito que disse isso.
                    _ Nossa! Você está realmente confuso! Por que não? – ele não tinha essa curiosidade, mas queria saber até onde Daniel iria.
                    _ Meu pai vai me matar, me deserdar, o povo dessa cidade vai me odiar e nem vão encostar em mim. Enfim, um bicho.
                    Thiago se deitou. Já estava com outros pensamentos.
                    _ Vamos esquecer um pouco desse preconceito idiota, e vamos aproveitar a natureza, dela sim vem coisa boa...
                    Daniel estava cansado de pensar nessas coisas, todos os dias que havia acampado pensava em milhares de situações que poderia passar por conta de preconceitos e tantas outras paranóias. Deitou-se.
                    O drama era se assumir.
                    _ Eu trouxe uma coisa.
                    _ O quê?
                     Daniel se levantou e entrou na barraca, voltou com uma caixinha com um pen drive conectado. Deitou-se novamente e escolheu uma música. Thiago sorriu.
                    O Céu já estava estrelado e um vento fresco ainda passeava pela clareira.
                    “Isso não vai prestar...” – pensou o modelo.
                    _ Conhece? – Daniel riu.
                    _ Nunca ouvi. – virou-se e percebeu que estava sendo observado – Não faça isso.
                    _ O quê? Não fiz nada... Ainda!
                    _ Moço, para! Por favor. – eram só palavras – Isso não vai dar certo, você já está todo doido, a ponto de fundir a cabeça de tanto pensamento. Não quero complicar. Pare enquanto é tempo.
                    _ Eu não consigo. Eu não posso. Não quero.
                    Apenas se olhavam, como se gravassem os traços de cada um.
                    _ Só posso estar pagando meus pecados por gostar tanto de você. – Daniel disse.
                    _ Acho que pelas coisas que já fez, você merece.
                    _ Então me faça sofrer como mereço.
                    _ Pensei que nunca fosse pedir...
                   
*****

                    A fogueira já estava acesa. Sobre o capim que cobria a clareira as roupas e os sapatos estavam espalhados.
                    _ Quando perdemos o medo, tudo fica mais legal.
                    _ Não acredito que você disse isso. O que anda comendo aqui?
                    _ Nada. Só luz.
                    Riram.
                    Estavam abraçados, conscientes e totalmente lúcidos. Olhavam para as estrelas. Nem percebiam que estavam rindo, mas Thiago queria o que nunca pensou que desejaria num momento como aquele.
                    A recaída marcava o início do fim.